Perfilar é preciso
Escrever um perfil é encontrar o universal embutido nas particularidades.
Quando Gay Talese trouxe o cantor Frank Sinatra à dimensão humana, na reportagem "Frank Sinatra Está Resfriado", foi mais esclarecedor do que se tivesse conversado com o assessor do artista ou com o próprio. Talese poderia ter incorrido no erro de reportar clichês e atitudes montadas para manter a imagem pública de Sinatra.
Ao contrário, conversando com amigos, funcionários e seguindo os passos dele, o jornalista perfilou “The Voice” com maior proximidade, na essência. Talese não preencheu um frame com idéias pré-concebidas. Vasculhou e estudou o objeto da reportagem.
Em última análise, tinha interesse verdadeiro por desvendar aquele ser humano, não estereotipar um mito. Iluminou ângulos desconhecidos do grande público. Pesquisou e entregou-se ao trabalho. Fazendo o contrário disso, daria-se um processo redundante e preguiçoso.
Matérias frias, geladas
Por falta de espaço nas publicações, de tempo, ou de vontade dos repórteres, o que se percebe é uma ânsia por ganchos (forçados) que justifiquem as matérias frias. São frias porque não têm – não teriam - que sair voando da “fábrica de salsichas” para alimentar os vorazes leitores com as novidades do minuto. Afinal, para compreender – ou para não compreender alguém – levamos meses, anos.
Os tempos áureos de Realidade, quando os repórteres conviviam meses com os perfilados não existe mais. O jornalista-literato Sérgio Vilas-Boas bem fala que não se fazem mais textos para guardar. O que existem são os “olimpianos” da Rede Globo, dizendo algumas inverdades e sendo retratados superficialmente. O que se apreende do texto é que antes das técnicas específicas de redação é preciso um modo diferente de ver o mundo, menos formatado e escravizado pela grande mídia e pelo capitalismo. Em nome de um jornalismo asséptico o que se vê é superficialidade, endossado pelos patrões e pelos empregados despreparados, maltratados e dispostos a jogar para a torcida (os patrões).
Processos de criação de perfis são complexos, multidimensionais. Combinam–se memória, conhecimento imaginação, sínteses e sentimentos. A frieza e o distanciamento são altamente nocivos. Se houvesse alguma economia de dinheiro por parte da Esquire “Frank Sinatra está resfriado” poderia ter se tornado mais um obscuro perfil a ser amarelado pelo tempo.
Até hoje é elogiado e copiado. Estranhamente, o melhor não é mais vendido ou comprado, sumiu das publicações. Se uma empresa como a Esquire investiu é porque dava dinheiro, ora. Escrever um perfil é valer-se das sensações mais profundas, já que o repórter está a uma distância do perfilado que o leitor talvez não tenha a oportunidade de estar.
Se não for para trazer as dimensões que não são acessíveis ao público, humanas, para que perfilar alguém? Fomentar obviedades e idéias pré-concebidas não justificam o título de jornalista.
Pensar sobre como escrever um perfil é pensar em como enxergamos nossos semelhantes, pensar se somos curiosos o suficiente, se estamos pensando mesmo no leitor, se somos jornalistas responsáveis.
Quando Gay Talese trouxe o cantor Frank Sinatra à dimensão humana, na reportagem "Frank Sinatra Está Resfriado", foi mais esclarecedor do que se tivesse conversado com o assessor do artista ou com o próprio. Talese poderia ter incorrido no erro de reportar clichês e atitudes montadas para manter a imagem pública de Sinatra.
Ao contrário, conversando com amigos, funcionários e seguindo os passos dele, o jornalista perfilou “The Voice” com maior proximidade, na essência. Talese não preencheu um frame com idéias pré-concebidas. Vasculhou e estudou o objeto da reportagem.
Em última análise, tinha interesse verdadeiro por desvendar aquele ser humano, não estereotipar um mito. Iluminou ângulos desconhecidos do grande público. Pesquisou e entregou-se ao trabalho. Fazendo o contrário disso, daria-se um processo redundante e preguiçoso.
Matérias frias, geladas
Por falta de espaço nas publicações, de tempo, ou de vontade dos repórteres, o que se percebe é uma ânsia por ganchos (forçados) que justifiquem as matérias frias. São frias porque não têm – não teriam - que sair voando da “fábrica de salsichas” para alimentar os vorazes leitores com as novidades do minuto. Afinal, para compreender – ou para não compreender alguém – levamos meses, anos.
Os tempos áureos de Realidade, quando os repórteres conviviam meses com os perfilados não existe mais. O jornalista-literato Sérgio Vilas-Boas bem fala que não se fazem mais textos para guardar. O que existem são os “olimpianos” da Rede Globo, dizendo algumas inverdades e sendo retratados superficialmente. O que se apreende do texto é que antes das técnicas específicas de redação é preciso um modo diferente de ver o mundo, menos formatado e escravizado pela grande mídia e pelo capitalismo. Em nome de um jornalismo asséptico o que se vê é superficialidade, endossado pelos patrões e pelos empregados despreparados, maltratados e dispostos a jogar para a torcida (os patrões).
Processos de criação de perfis são complexos, multidimensionais. Combinam–se memória, conhecimento imaginação, sínteses e sentimentos. A frieza e o distanciamento são altamente nocivos. Se houvesse alguma economia de dinheiro por parte da Esquire “Frank Sinatra está resfriado” poderia ter se tornado mais um obscuro perfil a ser amarelado pelo tempo.
Até hoje é elogiado e copiado. Estranhamente, o melhor não é mais vendido ou comprado, sumiu das publicações. Se uma empresa como a Esquire investiu é porque dava dinheiro, ora. Escrever um perfil é valer-se das sensações mais profundas, já que o repórter está a uma distância do perfilado que o leitor talvez não tenha a oportunidade de estar.
Se não for para trazer as dimensões que não são acessíveis ao público, humanas, para que perfilar alguém? Fomentar obviedades e idéias pré-concebidas não justificam o título de jornalista.
Pensar sobre como escrever um perfil é pensar em como enxergamos nossos semelhantes, pensar se somos curiosos o suficiente, se estamos pensando mesmo no leitor, se somos jornalistas responsáveis.
1 Comentários:
Cara, nao creio q seja pressa dos reporters, e sim, pressao dos veiculos. Show de bola, mandandobem, cara. Quanto aos boletins, raramente faço, mas vou dar uma olhada lá. abração e rumo à Tóquio
Por Leandro Luz, Às agosto 18, 2006 5:20 PM
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial