As multifaces de Nico Nicolaiewsky - III
(foto: Jeison Karnal, 2004)
(Parte II)
Passagem de som
- Põe para rodar a faixa dois, pede Nico.
A faixa dois do CD, “Assassinato”, começa com um ranger de porta e deve ser tocada do início, mas Ôchoa ainda não encontrou o ponto certo.
-Não! Esse detalhe é fundamental! Para que eu possa cantar o karaokê, a faixa deve ser tocada precisamente do início, observa Nicolaiewsky.
O processo é repetido algumas vezes até que a faixa dois seja executada ao gosto do artista. Tudo tem de sair o mais próximo possível da perfeição, Nicolaiewsky sabe a importância de aparecer como ele mesmo, sem a sombra de Pletskaya.
Suspense. Mistério. Ópera. Entre mortos e feridos, a porta há de se abrir no momento certo. Para deleite do público e alívio do operador do áudio.
Como um picolé no sol
(Foto:www.barulhinho.com.br)
Poltronas vermelhas, tapete vermelho. Ar-condicionado quebrado. Nicolaiewsky, sem camisa, cantarola ao microfone. A temperatura está próxima dos 30 graus e Nico já pensa no quanto o calor deverá aumentar com os holofotes ligados sobre seu rosto. Antes do bem-estar, sabe que a plástica do ambiente deve sobrepor-se ao conforto.
Luz azul, penumbra, amarelo acionados. Nicolaiewsky cerra os olhos e pede para o amarelo intenso não ser utilizado. A temperatura sob o foco deve chegar aos 40 graus. Seria muito difícil manter uma boa presença de palco com uma temperatura tão elevada. Mesmo sem a luz, o calor é infernal. Taça e água mineral serão tão acionadas quanto o pedal de sustain durante o show.
O som precisa ser equalizado. Nico sussurra “Corações e mentes”, dos Titãs.Essa é a primeira melodia escolhida, a interpretação requer muita suavidade e Nico não está satisfeito com o volume. Teclado e microfone precisam de mais ganho, um ambiente cheio tende a fazer o som se perder.
O artista se ajeita no banco e indica que o refrão de “Maluco Beleza”, de Raul Seixas, será o momento de maior vigor durante o show. Nico abre os braços, como que para levantar vôo, estudando os movimentos. Vale-se de falsete para cantar o refrão: -Eu vou ficar, ficar com certeza, Maluco Beleza. A canção ganha uma harmonia erudita e uma dose de agressividade impensadas pelo compositor baiano. Nico reinventa os acordes e encontra a arma necessária para atingir o coração da platéia: originalidade.
(Segue em outros posts)
(Parte II)
Passagem de som
- Põe para rodar a faixa dois, pede Nico.
A faixa dois do CD, “Assassinato”, começa com um ranger de porta e deve ser tocada do início, mas Ôchoa ainda não encontrou o ponto certo.
-Não! Esse detalhe é fundamental! Para que eu possa cantar o karaokê, a faixa deve ser tocada precisamente do início, observa Nicolaiewsky.
O processo é repetido algumas vezes até que a faixa dois seja executada ao gosto do artista. Tudo tem de sair o mais próximo possível da perfeição, Nicolaiewsky sabe a importância de aparecer como ele mesmo, sem a sombra de Pletskaya.
Suspense. Mistério. Ópera. Entre mortos e feridos, a porta há de se abrir no momento certo. Para deleite do público e alívio do operador do áudio.
Como um picolé no sol
(Foto:www.barulhinho.com.br)
Poltronas vermelhas, tapete vermelho. Ar-condicionado quebrado. Nicolaiewsky, sem camisa, cantarola ao microfone. A temperatura está próxima dos 30 graus e Nico já pensa no quanto o calor deverá aumentar com os holofotes ligados sobre seu rosto. Antes do bem-estar, sabe que a plástica do ambiente deve sobrepor-se ao conforto.
Luz azul, penumbra, amarelo acionados. Nicolaiewsky cerra os olhos e pede para o amarelo intenso não ser utilizado. A temperatura sob o foco deve chegar aos 40 graus. Seria muito difícil manter uma boa presença de palco com uma temperatura tão elevada. Mesmo sem a luz, o calor é infernal. Taça e água mineral serão tão acionadas quanto o pedal de sustain durante o show.
O som precisa ser equalizado. Nico sussurra “Corações e mentes”, dos Titãs.Essa é a primeira melodia escolhida, a interpretação requer muita suavidade e Nico não está satisfeito com o volume. Teclado e microfone precisam de mais ganho, um ambiente cheio tende a fazer o som se perder.
O artista se ajeita no banco e indica que o refrão de “Maluco Beleza”, de Raul Seixas, será o momento de maior vigor durante o show. Nico abre os braços, como que para levantar vôo, estudando os movimentos. Vale-se de falsete para cantar o refrão: -Eu vou ficar, ficar com certeza, Maluco Beleza. A canção ganha uma harmonia erudita e uma dose de agressividade impensadas pelo compositor baiano. Nico reinventa os acordes e encontra a arma necessária para atingir o coração da platéia: originalidade.
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