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sábado, agosto 12, 2006

As multifaces de Nico Nicolaiewsky - III

(foto: Jeison Karnal, 2004)

(Parte II)

Passagem de som

- Põe para rodar a faixa dois, pede Nico.

A faixa dois do CD, “Assassinato”, começa com um ranger de porta e deve ser tocada do início, mas Ôchoa ainda não encontrou o ponto certo.

-Não! Esse detalhe é fundamental! Para que eu possa cantar o karaokê, a faixa deve ser tocada precisamente do início, observa Nicolaiewsky.

O processo é repetido algumas vezes até que a faixa dois seja executada ao gosto do artista. Tudo tem de sair o mais próximo possível da perfeição, Nicolaiewsky sabe a importância de aparecer como ele mesmo, sem a sombra de Pletskaya.

Suspense. Mistério. Ópera. Entre mortos e feridos, a porta há de se abrir no momento certo. Para deleite do público e alívio do operador do áudio.







Como um picolé no sol

(Foto:www.barulhinho.com.br)
Poltronas vermelhas, tapete vermelho. Ar-condicionado quebrado. Nicolaiewsky, sem camisa, cantarola ao microfone. A temperatura está próxima dos 30 graus e Nico já pensa no quanto o calor deverá aumentar com os holofotes ligados sobre seu rosto. Antes do bem-estar, sabe que a plástica do ambiente deve sobrepor-se ao conforto.

Luz azul, penumbra, amarelo acionados. Nicolaiewsky cerra os olhos e pede para o amarelo intenso não ser utilizado. A temperatura sob o foco deve chegar aos 40 graus. Seria muito difícil manter uma boa presença de palco com uma temperatura tão elevada. Mesmo sem a luz, o calor é infernal. Taça e água mineral serão tão acionadas quanto o pedal de sustain durante o show.

O som precisa ser equalizado. Nico sussurra “Corações e mentes”, dos Titãs.Essa é a primeira melodia escolhida, a interpretação requer muita suavidade e Nico não está satisfeito com o volume. Teclado e microfone precisam de mais ganho, um ambiente cheio tende a fazer o som se perder.

O artista se ajeita no banco e indica que o refrão de “Maluco Beleza”, de Raul Seixas, será o momento de maior vigor durante o show. Nico abre os braços, como que para levantar vôo, estudando os movimentos. Vale-se de falsete para cantar o refrão: -Eu vou ficar, ficar com certeza, Maluco Beleza. A canção ganha uma harmonia erudita e uma dose de agressividade impensadas pelo compositor baiano. Nico reinventa os acordes e encontra a arma necessária para atingir o coração da platéia: originalidade.

(Segue em outros posts)

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