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domingo, maio 20, 2007

“RAC é a ciência do Deadline”, afirma Steve Doig


O jornalista norte-americano Steve Doig, ligado ao Investigative Reporters and Editors (IRE) e vencedor de um Prêmio Pulitzer, em 1993, ministrou palestra sobre Reportagem Assistida por Computador (RAC) para cerca de 50 jornalistas e estudantes na tarde de sexta-feira (18), durante o 2ºCongresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji.

Ele classificou o método RAC como uma “Ciência Social do Deadline”. Doig também deu exemplos de temas corriqueiros que se tornaram grandes reportagens nos Estados Unidos.

Segundo o repórter, com a criação de um banco de dados próprio, torna-se possível ao jornalista investigativo mapear uma realidade e fazer o cruzamento de informações, em busca de um padrão, obtendo maior confiabilidade. Ganha-se em qualidade informacional, autonomia e em agilidade no fechamento de uma edição. Por tudo isso considera a técnica uma “ciência do Deadline”.

“Houve três fases na reportagem: primeiro, o repórter aguardava os dados fornecidos por autoridades. Depois, o jornalista discutia um problema a partir do uso de aspas, apresentando um case. Com o RAC, ele organiza os dados, contextualiza e transforma a si mesmo em um especialista, com o auxílio do computador”, afirmou.

Realidade no currículo das universidades de jornalismo americanas desde os anos 90, a primeira reportagem feita por RAC a ser premiada nos EUA partiu da redação do jornal Atlanta Constitucion, em 1989.

“A repórter ganhou um Pulitzer por comprovar que havia discriminação racial na cessão de financiamentos habitacionais”, lembrou. Em 1993, o próprio Steve Doig, então repórter do Miami Herald, recebeu um Pulitzer pela investigação dos efeitos do Furacão Andrew. “Descobrimos que das 80 mil casas destruídas, as mais novas foram as atingidas com maior intensidade.”

Mapear incidências de lesões em jogadores de futebol de determinada posição, conhecer o desempenho dos alunos da localidade por meio da avaliação das notas escolares ou cruzar informações de banco de dados entre os motoristas presos alcoolizados e os motoristas de veículos escolares. Todos esses assuntos podem ser mensurados, contextualizados, ampliados e gerar matérias interessantes.




“O RAC não transforma um repórter ruim em um bom repórter, mas pode transformar um bom repórter em um ótimo profissional”, ressaltou Steve Doig.

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