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quarta-feira, julho 26, 2006

Últimos aplausos ao PM que encantava a BM

(Foto: Correio Brigadiano)

As 400 pessoas concentradas na capela D do Cemitério Parque Jardim da Paz, às 16h,estavam tristes e desoladas.

Entre o silêncio e as lágrimas de familiares e colegas do 19ºBPM, as sensações do 21 de março eram o inverso do ápice de um truque qualquer do mágico Luan, também conhecido como 3ºSgt Luiz Carlos Andrades. O contrário do instante decisivo, aquele em que as mãos do PM, morto em um assalto no bairro Partenon, no dia 20 de março, convertiam em esperança a lida dura dos colegas da BM. O desenlace real não foi outro senão o toque de silêncio tímido, entoado pelo piquete do 4ºRPMon, ao final. As mãos do PM mágico, desta vez, repousavam tristes sobre o corpo.

Seis homens do Btlh no qual o Sgt serviu por cinco anos conduziram de cabeça baixa o caixão pela porta lateral. O Cmt da 1ªCia do 19ºBPM, Maj Paulo Ricardo Quadros Remião, tentava acompanhar a bandeira do RS que descansava sobre a urna. Um mês antes, viu o mesmo Andrades escapar da morte, depois de ter sido alvejado próximo à coluna, durante uma ocorrência de assalto a banco. O colete do 3ºSgt o protegeu daquela vez. Com os olhos marejados, o oficial preferiu não falar. Para Maj Quadros, não existiria mesmo frase possível.

O veículo elétrico estacionado em frente à capela recebeu o esquife para conduzí-lo por três quadras até o jazigo. Acomodada ao lado do motorista, Judite Andrades, a esposa, seguia abraçada ao pequeno Rafael, de 7 anos. Raquel e Giovani, os outros dois filhos do casal, acompanharam o cortejo a pé com os colegas do pai. ”Ele usava as horas de folga para realizar eventos sociais e muitas vezes abarcava o custo”, lembrou a Sd Márcia Passos. O Ten Carlos Eduardo Amaral Paes exaltou a “consciência social” do 3ºSgt, que serviu durante 30 anos na corporação.

Na altura do Templo Ecumênico, 19 viaturas, da BM e da PC, tiveram as sirenes acionadas. Oito homens da FET deram três salvas de tiro. A caminhada prosseguiu à sepultura, onde militares e civis cobriram a grama para o adeus. “Uma salva de palmas pelo excelente mágico que era”, gritou o vizinho Moisés Nascimento. Em seguida, um Sd da PM5 recolheu a bandeira farroupilha e a dobrou de forma cuidadosa. Oficiais e praças do 19ºBPM respiraram fundo, entraram nas viaturas e voltaram ao trabalho. A mágica se foi.

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