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sexta-feira, julho 28, 2006

Os segredos da arte de Timóteo

(Foto: Correio Brigadiano)

(Na foto, Sd Carmo)


Momentos solenes, de alegria ou dor. A frase “É belo e nobre morrer pela pátria”, do filósofo romano Horácio, sintetiza o espírito nobre do clarim.

Ela serve de legenda ao monumento erguido na Academia de Polícia Militar (APM), alusivo a Batalha de Buri, ocorrida em 27 de julho de 1932, em São Paulo. A escultura imortaliza a última ordem executada pelo piquete Timóteo na iminência da morte do Gal Aparício Borges.

Apesar das dificuldades de estrutura, nas últimas décadas três PMs conciliam ou conciliaram as obrigações do quartel com os ensaios. Tudo para manter viva a tradição. Entre 1996 e 2004, a BM contou com uma banda de clarins no 4ºRPMon, tendo como cabo-mor Omiro Rodrigues.

O Sgt Ivo da Rosa Soares, 48 anos, único integrante na ativa, hoje é motorista na Assembléia Legislativa. O praça relembrou o tempo de piquete: “A noite que precedia um evento, como a posse de um governador, era de muito nervosismo“. Segundo ele, aos poucos a banda foi acabando, conforme os colegas seguiam para a reserva. “No início eram 11 piquetes, depois nove, depois seis, até restar apenas eu”, lamentou o Sgt, que chegou a ser graduado como Sgt-corneteiro. De acordo com o Sgt, o instrumento requer muito estudo, inclusive nas horas de folga. Por isso, ninguém mais queria conciliar o policiamento com o clarim. “Faltava maior incentivo”, avaliou.


De geração para geração


Em meio a ofícios e planilhas, o Sd Isaac Carmo Cardoso, 25 anos, cumpre a tarefa há um ano e meio. O praça do 4ºRPMon recebe convites de todas unidades do CPC para tocar. Não se esquece do dia 13 de maio de 2005, quando entoou oficialmente o primeiro Toque de Silêncio. Foi durante o enterro do 3ºSgt Ronaldo Moraes Borowski, do 20ºBPM. “Sentia como se fosse meu próprio funeral. Tem que ter controle emocional, senão é difícil tocar”. Para aprender a arte, o Sd fez estágio de três meses no exército. “Além de sentir a melodia, é preciso fôlego e um bom ouvido”, ensinou.

Conselho a ser seguido pelo recém-formado Sd Dionson Portella Martins, 26 anos, do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Ele atua na P3 do quartel e também teve aulas no exército. Sua primeira formatura ocorreu no último dia 13 de abril, por ocasião da apresentação da nova Patres. “A vantagem do clarim é que do primeiro ao último todos o escutam em uma solenidade. Ele tem força”, salientou o Sd, que ainda não aprendeu o Toque de Silêncio. A dupla de Sds revelou que o Sgt Ivo foi o responsável por repassar os ensinamentos de 20 anos aos PMs.

A boa nova é dada pelo Cmt do 4ºRPMon, Ten-Cel Leandro Nazareno Martins Reis. “Temos a previsão de mandar mais dois Sds para curso. Ficaremos com quatro piquetes”, observou. No futuro, mais brigadianos trajados com o fardamento de Dragão Farroupilha entoarão Alvoradas Festivas e Toques de Ordem Unida para orgulho de Timóteo.

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