KARNALBLOG. Escritório de jornalista é a rua!

domingo, julho 22, 2007

Uns de jato, outros com cara de tacho


Enquanto 14 passageiros com destino a Santiago (Chile) e Rio de Janeiro passavam por três horas de espera no aeroporto Salgado Filho, sem previsão de levantar vôo, o Ministro da Justiça, Tarso Genro, decolava às 11h30min para Brasília em um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB). Para Tarso, a operação de embarque durou apenas 20 minutos.

A Infraero foi comunicada ontem de que o petista retornaria neste sábado ao Distrito Federal. Hoje, cerca de uma hora antes da partida de Tarso Genro, assessores do ministro e funcionários do aeroporto já organizavam a estrutura do aeroporto Salgado Filho para facilitar o deslocamento do petista.

Todos os detalhes foram acertados previamente pela equipe. Como é de praxe para qualquer autoridade, a espera de Tarso se deu em uma sala VIP, com direito à máquina de café e TV a cabo. A espera não chegou a meia hora. Do lado de fora, em frente ao portão de desembarque doméstico, dezenas de familiares aguardavam impacientes os parentes vindos de todo o Brasil. No fim da manhã havia seis vôos com atraso de pelo menos uma hora.

A viagem do ministro ocorreu em um jatinho LearJet, da FAB. Um ônibus do aeroporto o levou pela pista até a aeronave. No andar superior, nos guichês de check in das companhias, cerca de 300 pessoas enfrentavam filas de pelo menos dez metros.

Até às 15h11min de hoje, a Infraero computava 49 vôos atrasados. Quatro cancelamentos foram registrados. Além da neblina, o efeito cascata dos atrasos comprometeram a malha aérea. Foram 21 chegadas e 28 partidas com atraso de mais de uma hora. "Se o caos é geral, todos tem que passar por ele, até o ministro", criticou uma passageira, que aguardava há três horas um vôo com destino ao Chile.

Longa espera


Os casos mais críticos de atrasos e cancelamentos foram registrados pela Gol. Dois vôos marcados para às 8h, vôo 7487 (para Santiago) e o 7469 (Rio de Janeiro), permaneceram, ao menos, até as 15h sem previsão de decolagem. Após tumulto nos guichês, durante a manhã, quando os atendentes da empresa chegaram a abandonar seus postos por uma hora, os passageiros foram encaminhados para um check in reservado da companhia.

Ao lado de mais 12 pessoas, Rafael Bueno,27 anos, advogado e a noiva, Fernanda Cauduro, 24 anos, pedagoga, afirmam ter chegado às 6h com esperança de embarcar no vôo 7487, marcado para as 8h, rumo a Santiago. Segundo eles, foram encaminhados para o salão de embarque, mas receberam informação de funcionarios de que deveriam voltar para o check in. "Nossas bagagens já foram despachadas, mas não sabemos nem para onde", afirmou o advogado.

Um passageiro que não quis se identificar viajaria ontem para assistir ao Pan no Rio de Janeiro, mas recebeu a notícia do cancelamento do vôo. Retornou ao aeroporto na manhã deste sábado com a esposa e soube que ainda não havia previsão de embarque. "Por dez anos minha esposa ficou sem viajar de avião, com medo, agora que ela venceu essa barreira ocorre este caos." A Gol deu ao passageiro uma previsão de vôo para segunda-feira. "Estou de férias e elas terminam neste domingo."

Outra família afirma ter embarcado em uma aeronave, mas em seguida foi convidada a retornar ao check in da companhia.

quarta-feira, julho 18, 2007

Congonhas no pátio de casa

Foto: Jeison Karnal
Caos aéreo. Vôo JJ3054 da Tam saindo de Porto Alegre a Congonhas. Cento e setenta e seis a bordo. Aterrissagem, aquaplanagem, tentativa de arremetida. Colisão de um A-320 francês em um prédio do serviço de carga da Tam. Amoretti, Redecker... Familiares desesperados no auditorio do Plaza São Rafael, em Porto Alegre, durante a madrugada.


Quem já decolou e, com a graça de Deus, conseguiu pousar em Congonhas (sul de SP), sabe que dá medo aquele amontoado de prédios em volta. Logo abaixo do ponto em que o avião levanta vôo, da janelinha, é possível enxergar as vizinhas varrendo o pátio e o carteiro entregando a correspondência. Um verdadeiro aeroporto no pátio de casa para quem reside no entorno da pista.


Ações concretas agora? Ou o relaxa e goza?




segunda-feira, julho 16, 2007

Os japoneses do Liberdade I

Foto: Jeison Karnal

Era um samurai em miniatura. Delicado, não assustava. Impressionava. Lá estava ele bem parado no armário envidraçado. E lá ficaria, incógnito, se dependesse dos japoneses do bairro liberdade, em SP.

Só fui entender o rigor nipônico ao tentar fotografar o samurai. Antes, para mim, a falta de flexibilidade dos asiáticos era folclore.

Na portaria do Museu da Imigração Japonesa, um rosto pálido de sobrancelas espessas e muito negras, atrás de um óculos arredondado, balançava a cabeça para cima e para baixo. Concordava com tudo o porteiro. Nada entendia. Até eu pedir para tirar foto do samurai...

Negociando a foto

"Posso tirar uma foto do pequeno samurai?", perguntei. "Hi", respondeu o porteiro de olhos puxados. "Tem que pedir direção...". "Ok", ingenuamente concordei.

Na secretaria do museu, esperei e esperei... Me olhavam e não vinham atender. Expliquei para a a japonesa que me atendeu que eu queria apenas uma fotinho do Samurai. Era engraçado. O escritório parecia o do Kenji, vulgo Spectroman. "Tem que mandar e-mail para direção. Leva dois dias", disse a mulher. "Mas eu terei ido embora!" "Mas assim são as regras, né?", disse. Não teve jeito. Ela ainda quis me empurrar um livro de R$ 30 sobre a imigração japonesa. Ah tá... Só podia ser desaforo!

Assim ficamos. Sem remorso "roubei" a foto que estampa o post de hoje. Contra o rigor nipônico, só mesmo o jeitinho brasileiro.

Tenho medo que o porteiro tenha cometido Arakiri por não ter conseguido me impedir de imortalizar a figura do samurai. Ele com a honra dele, eu com minha foto. E deixa assim. (Segue)

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