KARNALBLOG. Escritório de jornalista é a rua!

segunda-feira, julho 31, 2006

Nota protesto do Karn@l Blog!

(Foto: Daniel Boucinha/Inter)
Oriente Médio ou Porto Alegre em um domingo de Gre-nal? A segunda opção, claro. Se até religião é praticada com violência que dirá as manifestações no futebol. Mas chega! Como levar aos jogos a família, os filhos, a namorada, assim?

Antes mesmo da partida começar, torcedores gremistas tentavam entrar em conflito com os colorados da social e tiveram de ser contidos pela BM. Bombas de efeito moral, cacetadas e provocações deram um espetáculo de horror fora do gramado - que foi igualmente sofrível em campo. Depois, o fogo nos banheiros, que foi contido pelos bombeiros.


O banho gelado na torcida gremista, dado pelos combatentes, foi merecido. E se algum estivesse com dor de barriga que fizesse as necessidades no chão.

Não sou muito de futebol, curto o Inter e gosto de ir ao estádio com minha namorada assistir a um espetáculo de participação do povo. Só.

Paixão pelo futebol é uma coisa, marginália, é outra bem diferente. Os gritos de "maloqueiro, maloqueiro" da torcida colorada foram um tanto apropriado para a ocasião. Vá para casa, leia um livro, parafraseando o teaser da MTV.

sexta-feira, julho 28, 2006

Ansioso pela volta às aulas na Unisinos


Aqui estou eu ansioso para pegar aquele trem lotado para São Leopoldo e aquele circular que te joga de um lado para outro, depois da fila enorme, claro.

As férias não deram para nada! Fiquei um pouco no MSN, li algumas coisas, mas, fora isso, precisaria de mais tempo para relaxar.

Seguem meus horários:

23- Projeto em Rádio 33- RED III 43- Ética 53- ADM 63- Pesquisa

Boas-vindas para a gente...

BM de Passo Fundo revive a banda

(Foto: Correio Brigadiano)

Longe das apresentações e deslocados para áreas diversas administrativas e operacionais desde a metade dos anos noventa, os oito músicos remanescentes da antiga banda do 3ºRPMon de Passo Fundo voltarão a tocar juntos. Depois de uma espera de 11 anos, uma tocata (apresentação) está marcada para 4 de agosto, em razão do evento de reinauguração do espaço que servirá para as audiências públicas e ensaios do grupo.

Um ano após o fim da banda em 1995, por causa da ida para a reserva de integrantes e da adesão de alguns ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), ainda chegavam ofícios solicitando apresentações. Para o trombonista 1º Sgt Daisson de Andrade da Silva, 37 anos, retomar a banda era um sonho impossível. “Os instrumentos estavam estragando e era muito caro para consertá-los”, recordou o PM. Nessa época, bandas de outras cidades eram chamadas para tocar nas formaturas do 3ºRPMon.

Somente com a chegada do atual Cmt, Ten-Cel Pedro Luiz Lima, em 2004, as coisas tomaram outro rumo. “Ele nos apoiou. Existia até uma proposta das outras bandas levassem embora os nossos instrumentos, e ele disse não”, enalteceu. O praça contou que o comando saiu atrás de parcerias já que, naquele ano, dos cerca de 15 instrumentos, mais de 50% estavam danificados. “Mato Castelhano doou um sax, Marau reformou outro e a prefeitura daqui repassou tubas e trompas.”


A retomada oficial


A partir de 2005, passaram a fazer encontros informais na Associação de Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM) para colocar o repertório em dia. “Repassávamos os dobrados oficiais (músicas militares para marcha)”, destacou. Em junho de 2006, a banda voltou a ensaiar na sede do regimento. “Ensaiamos todas as sextas-feiras à tarde. Temos umas 20 músicas prontas para a reinauguração da nossa sala.”

Os convidados para a tocata em 4 de agosto serão recebidos em uma casa nova, fruto da parceria com a iniciativa privada e amigos. O espaço terá sistema acústico, palco de três níveis para os 19 músicos (são mais 11 CVMIs e ex-brigadianos) e 50 cadeiras. “Passo Fundo terá uma surpresa”, garantiu.

O Vampiro da Rua da Praia


(Foto: sleon.sourceforge.net)

Jeziel é um vampiro. A banca em que trabalha no Centro é a número cinco (considerado número de má sorte, segundo uma amiga dele). Ela fica localizada na Copacabana porto-alegrense ou Rua da Praia (dos Andradas).

Bem em frente à Praça da Alfândega, pessoas pisoteiam o chão repleto de pedras portuguesas em mosaico a desenhar ondas. Jeziel, cabelos longos amarrados, observa as passantes. As que se aproximam do ponto de venda – na maioria, mulheres - são abordadas por ele. Os caninos do artista são duas vezes maiores que os incisivos. As vestes e os cabelos, pretos.

Menos sedento por sangue que por dinheiro, as pessoas não demonstram receio menor de Jeziel por essa razão. “Um homem tem que trabalhar e pagar pelos seus vícios”, declara, retomando um dos ensinamentos paternos. Sobre os “filtros” ou a proteção xamânica que vende – cordas finas e coloridas entrelaçadas que parecem uma teia de aranha – ele é menos místico e mais comerciante. “Chamamos de filtro, às vezes de proteção, depende do que o cliente quer comprar.” Os colares de miçanga deixaram de ser oferecidos, pois “todo mundo está fazendo” e o preço baixa.

Jeziel faz tatuagens de Henna e valoriza o serviço. “Já veio gente aqui pedindo para fazer tatuagem de ‘hiena’. Aí não dá”, debocha. Do estande, vê-se ao fundo Carlos Drummond de Andrade conversando com Mário Quintana. Este último, sentado e servindo de poleiro para um pardal desinformado em literatura.

Os olhos enviesados fazem com que ele incline a cabeça para cima para manter contato visual. Jeziel é um vampiro vesgo de menos de 1,80m. Sobre a briga com a namorada tece algumas suposições astrais. “Ela é de libra e eu sou de leão. Ela é muito sensível, ainda mais, grávida”, desabafa. Ao que tudo indica não é bem aceito pela família da moça de nível socioeconômico elevado. “A mulher diz que os pais dela têm que me amar que nem amam ela. Isso é um absurdo.” Olha de cima, porém brinca muito e cumprimenta os vendedores de CD que passam carregando carrinhos cheios de tralhas.

“Ela diz para eu não vir trabalhar, que ajudará a me sustentar, mas um homem tem que ser útil”, declara, sem pronunciar o nome dela – talvez a fraqueza do vampiro. A camiseta de Jeziel é rasgada nos braços e traz uma cruz na parte de trás com o nome da banda Black Sabbath grafado dentro. De um compartimento embaixo da banca, retira um cruz da Idade Média, forjada em metal. “Essa é uma cruz de vampirismo”, explica. No centro dela há uma adaga. Complementando a forma, duas meias-luas de costas uma para a outra. “Tenho facilidade para o artesanato. Acredito que a pessoa já nasce com esse dom.” Entre os talentos, o de tocar violão, mas o companheiro das tardes foi vendido para honrar umas contas.



Vida de hippie ou artesão

De segunda a sexta-feira, ele trabalha na avenida Sete de Setembro. “Nós viemos para a Rua da Praia no sábado porque lá [na Sete de Setembro] não passa ninguém. Somos 80 famílias que dependem disso para viver”, ressaltou. Jeziel queixa-se é do preconceito. “O pessoal nós chama de hippies, mas isso é outro movimento. Nós somos artesãos. Alguns de nós realmente fazem baderna e por isso sofremos as conseqüências.” Conforme o artista, alguns colegas de banca são desrespeitosos, bebem e ainda “mexem” com as mulheres na rua. “A Brigada Militar não gosta muito da gente”, queixa-se. O artesão afirma que já viu cinco brigadianos espancando um garoto que havia roubado uma carteira. “Não acho certo roubar, mas isso não resolve. O guri tava com fome”, defende.

Dos incidentes na praça, lembra de um senhor idoso que visitava pela primeira vez a capital e sentou-se em um dos bancos, puxando assunto com outro senhor também de idade avançada. “O pobre velho [que mal conhecia Porto Alegre] se levantou para ir embora e simplesmente levou uma facada pelas costas e foi assassinado. No outro dia o senhor que o matou estava novamente sentado ali. Impune”, narrou.

Em frente à escultura em bronze dos poetas, criada por Xico Stockinger, outros artesãos, seis vagabundos ou outros esquecidos da cidade conversam em um banco em frente. Riem de mais um sabá, em meio às pombas e a bebida. Jeziel, noventa quilos e não mais de 33 anos, fuma outro cigarro, e acena para um colega. Os dois se aproximam e olham para o céu em direção às copas das àrvores que protegem Quintana. “Ela está bem, né?”, conclui.

No meio das folhas, o que poderia ser uma peça pregada pelos dois se mostra uma pomba revoando, desorientada. “Aquela pomba estava muito doente e ele a levou para cuidá-la em casa. Agora ela está boa, mas esta cega”, revela Jeziel, contando a história do novo animal de estimação da Praça da Alfândega.

O outono ensolarado não intimida o vampiro da Rua da Praia que “desaparece” da banca e volta com um copo de café preto para escapar do frio. É presenteado com um cartão telefônico, mas some novamente para colocar ordem na vida afetiva. Vai e volta do “orelhão” mais sorridente e empolgado. “Acho que nos acertamos. Assim que sair, vou passar na casa dela”, conta. Depois, Jeziel não só atendia melhor os clientes, como chegou a chamar de “namoradeiras” duas moças que queriam fazer uma tatuagem de Henna.

Jeziel – que já era outra pessoa - virou-se para os colegas de banca e se empolgou: “Bah, tava tri a fim de tomar um vinhozinho. Aceitam?”. Coisas de vampiro gaúcho.

Os segredos da arte de Timóteo

(Foto: Correio Brigadiano)

(Na foto, Sd Carmo)


Momentos solenes, de alegria ou dor. A frase “É belo e nobre morrer pela pátria”, do filósofo romano Horácio, sintetiza o espírito nobre do clarim.

Ela serve de legenda ao monumento erguido na Academia de Polícia Militar (APM), alusivo a Batalha de Buri, ocorrida em 27 de julho de 1932, em São Paulo. A escultura imortaliza a última ordem executada pelo piquete Timóteo na iminência da morte do Gal Aparício Borges.

Apesar das dificuldades de estrutura, nas últimas décadas três PMs conciliam ou conciliaram as obrigações do quartel com os ensaios. Tudo para manter viva a tradição. Entre 1996 e 2004, a BM contou com uma banda de clarins no 4ºRPMon, tendo como cabo-mor Omiro Rodrigues.

O Sgt Ivo da Rosa Soares, 48 anos, único integrante na ativa, hoje é motorista na Assembléia Legislativa. O praça relembrou o tempo de piquete: “A noite que precedia um evento, como a posse de um governador, era de muito nervosismo“. Segundo ele, aos poucos a banda foi acabando, conforme os colegas seguiam para a reserva. “No início eram 11 piquetes, depois nove, depois seis, até restar apenas eu”, lamentou o Sgt, que chegou a ser graduado como Sgt-corneteiro. De acordo com o Sgt, o instrumento requer muito estudo, inclusive nas horas de folga. Por isso, ninguém mais queria conciliar o policiamento com o clarim. “Faltava maior incentivo”, avaliou.


De geração para geração


Em meio a ofícios e planilhas, o Sd Isaac Carmo Cardoso, 25 anos, cumpre a tarefa há um ano e meio. O praça do 4ºRPMon recebe convites de todas unidades do CPC para tocar. Não se esquece do dia 13 de maio de 2005, quando entoou oficialmente o primeiro Toque de Silêncio. Foi durante o enterro do 3ºSgt Ronaldo Moraes Borowski, do 20ºBPM. “Sentia como se fosse meu próprio funeral. Tem que ter controle emocional, senão é difícil tocar”. Para aprender a arte, o Sd fez estágio de três meses no exército. “Além de sentir a melodia, é preciso fôlego e um bom ouvido”, ensinou.

Conselho a ser seguido pelo recém-formado Sd Dionson Portella Martins, 26 anos, do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Ele atua na P3 do quartel e também teve aulas no exército. Sua primeira formatura ocorreu no último dia 13 de abril, por ocasião da apresentação da nova Patres. “A vantagem do clarim é que do primeiro ao último todos o escutam em uma solenidade. Ele tem força”, salientou o Sd, que ainda não aprendeu o Toque de Silêncio. A dupla de Sds revelou que o Sgt Ivo foi o responsável por repassar os ensinamentos de 20 anos aos PMs.

A boa nova é dada pelo Cmt do 4ºRPMon, Ten-Cel Leandro Nazareno Martins Reis. “Temos a previsão de mandar mais dois Sds para curso. Ficaremos com quatro piquetes”, observou. No futuro, mais brigadianos trajados com o fardamento de Dragão Farroupilha entoarão Alvoradas Festivas e Toques de Ordem Unida para orgulho de Timóteo.

quarta-feira, julho 26, 2006

Últimos aplausos ao PM que encantava a BM

(Foto: Correio Brigadiano)

As 400 pessoas concentradas na capela D do Cemitério Parque Jardim da Paz, às 16h,estavam tristes e desoladas.

Entre o silêncio e as lágrimas de familiares e colegas do 19ºBPM, as sensações do 21 de março eram o inverso do ápice de um truque qualquer do mágico Luan, também conhecido como 3ºSgt Luiz Carlos Andrades. O contrário do instante decisivo, aquele em que as mãos do PM, morto em um assalto no bairro Partenon, no dia 20 de março, convertiam em esperança a lida dura dos colegas da BM. O desenlace real não foi outro senão o toque de silêncio tímido, entoado pelo piquete do 4ºRPMon, ao final. As mãos do PM mágico, desta vez, repousavam tristes sobre o corpo.

Seis homens do Btlh no qual o Sgt serviu por cinco anos conduziram de cabeça baixa o caixão pela porta lateral. O Cmt da 1ªCia do 19ºBPM, Maj Paulo Ricardo Quadros Remião, tentava acompanhar a bandeira do RS que descansava sobre a urna. Um mês antes, viu o mesmo Andrades escapar da morte, depois de ter sido alvejado próximo à coluna, durante uma ocorrência de assalto a banco. O colete do 3ºSgt o protegeu daquela vez. Com os olhos marejados, o oficial preferiu não falar. Para Maj Quadros, não existiria mesmo frase possível.

O veículo elétrico estacionado em frente à capela recebeu o esquife para conduzí-lo por três quadras até o jazigo. Acomodada ao lado do motorista, Judite Andrades, a esposa, seguia abraçada ao pequeno Rafael, de 7 anos. Raquel e Giovani, os outros dois filhos do casal, acompanharam o cortejo a pé com os colegas do pai. ”Ele usava as horas de folga para realizar eventos sociais e muitas vezes abarcava o custo”, lembrou a Sd Márcia Passos. O Ten Carlos Eduardo Amaral Paes exaltou a “consciência social” do 3ºSgt, que serviu durante 30 anos na corporação.

Na altura do Templo Ecumênico, 19 viaturas, da BM e da PC, tiveram as sirenes acionadas. Oito homens da FET deram três salvas de tiro. A caminhada prosseguiu à sepultura, onde militares e civis cobriram a grama para o adeus. “Uma salva de palmas pelo excelente mágico que era”, gritou o vizinho Moisés Nascimento. Em seguida, um Sd da PM5 recolheu a bandeira farroupilha e a dobrou de forma cuidadosa. Oficiais e praças do 19ºBPM respiraram fundo, entraram nas viaturas e voltaram ao trabalho. A mágica se foi.